Mais um grande desafio: Ucrânia e a Rússia
4 de março de 2022Um velho provérbio português nos ensina que “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe”. Na economia é relativamente fácil aplicar o velho dito popular, pois os períodos de crescimento econômico são ciclicamente interrompidos por crises, que deprimem o emprego, o consumo, o investimento e a renda. A humanidade foi melhorando sua capacidade de prevenir, prever e enfrentar as crises; no entanto, os modelos possuem um poder preditivo e explicativo pequeno, quando comparado com a realidade, ou seja, ainda somos incapazes de prever o futuro com a precisão necessária, tornando desafiador o papel do gestor de investimentos.
Os últimos cinco anos foram pródigos na geração de incertezas, com uma sucessão de acontecimentos econômicos e políticos que não só impediram a retomada vigorosa da economia brasileira, como geraram intensos ciclos de depressões abruptas, sendo o mais grave deles, sem dúvida, o protagonizado pela pandemia da Covid-19 e seus efeitos sociais, financeiros e econômicos. Dentre outros fatos de grande impacto para os mercados podem ser citados, por exemplo, o Joesley Day e a Greve dos Caminhoneiros.
O ano de 2022 iniciou com o mundo enfrentando o maior ciclo inflacionário dos últimos quarenta anos por conta da alta liquidez, pressão nos preços das commodities e descompasso entre oferta e demanda agregadas, sugestionando que a retomada econômica deverá ser interrompida pela elevação das taxas de juros ao redor do mundo.
Do lado do Brasil, as incertezas externas se somam às tradicionais fragilidades fiscais e econômicas, que foram agravadas pela Covid-19 e pelos choques externos. Além disso, as discussões envolvendo a sucessão presidencial potencializam a aversão ao risco dos investidores.
Quando o estoque de incertezas parecia estar esgotado, o mundo é surpreendido pelo fracasso da diplomacia na crise geopolítica entre Ucrânia e Rússia, culminando com a invasão da Ucrânia pelo poderoso exército Russo, ressuscitando o ímpeto imperialista da Federação Russa e o clima de Guerra Fria do pós Segunda Guerra, com as sanções econômicas impostas à Rússia prometendo gerar mais inflação, mais juros e menor crescimento mundial.
Dentro dessa realidade, nossa gestão tem sido desafiada a enfrentar uma sucessão de intensas e duradouras crises econômicas, classificadas, por muitos, como as maiores das últimas décadas. Tal situação nos encoraja a reafirmar a todos os participantes nosso compromisso de continuar trabalhando com profissionalismo e seriedade, diversificando nossas posições, aproveitando eventuais janelas de oportunidades de mercado, sempre mitigando os riscos, e buscando assessoramento com gestores de recursos altamente qualificados nacional e internacionalmente.
Por esta razão temos convicção de que a médio e longo prazo a rentabilidade dos planos voltará a convergir para a meta atuarial; no entanto, exigirá dos gestores e participantes uma visão de investidor institucional de longo prazo, onde os bons fundamentos da carteira de investimento são capazes de absorver as volatilidades de curto prazo, capturando os ganhos com a redução das incertezas, com o controle da inflação e com a retomada com crescimento.
Fonte: Núcleo de Investimentos/Marco & Marco Consultores Financeiros Associados Ltda.